sábado, 22 de outubro de 2011

Palestra Especial: CIDADANIA & FÉ CRISTÃ

Na próxima terça (25/10), a Aliança  Bíblica Universitária de João Pessoa estará organizando uma palestra especial com o tema "Cidadania e Fé Cristã". O tema de fato é bastante relevante e a palestra é destinada para todos os públicos. O objetivo será expor a importância dos cristãos estarem inseridos na luta por uma sociedade melhor e que exercer cidadania não é uma opção, mas sim uma questão de consciência e obediência a Jesus Cristo. Venha e traga visitantes. 

Palestrante:
 Pr. Estevam Fernandes 
(Pastor da Primeira Igreja Batista
 de João Pessoa, Doutor em Sociologia, 
psicólogo e escritor)


Local: AUDITÓRIO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA UFPB
HORÁRIO: 17 horas
ENTRADA GRATUITA




Para maiores informações: Helton de Assis (83 8829 0295 ou 9604 9639) ou Thiago Felinto (87734307)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ABU CCHLA - AVISO

Os encontros da ABU História estão acontecendo na SALA 408 do CCHLA, todas as sextas às 17.30h juntamente com o grupo da ABU Serviço Social. Os dois grupos estão fazendo a reunião semanal de estudo da Bíblia juntos, até o fim do semestre atual. 

Venha e participe! Tem sido muito legal.

Duvidas: Helton 83 8828 0295

Crer Ou não Crer: Eis o Cristão! (Final)


O Terceiro e Último Diálogo!
Por Bruno Pontes da Costa


Tenho visto algumas situações que envergonham o evangelho. Existem pregadores vivendo uma vida dupla; o adultério, o alcoolismo, os desvios de dízimos, os escândalos, tudo isso já se tornou “comum”. Parece que as igrejas estão se tornando um clube social com fins lucrativos, onde se reúnem apenas para se confraternizarem, onde a Palavra e o louvor a Deus ficam em segundo, terceiro ou último plano, se estiverem incluídos no plano.
Não existe mais um ambiente sagrado onde a presença do Senhor é derramada para curar, libertar, restaurar e salvar. Você pode sentir o mesmo que eu quando visitar algumas igrejas assim! Refletindo sobre isso, me ocorre também que muitas vezes divagamos acerca da nossa real necessidade.
Começo a pensar que estamos vendo a igreja do Senhor se moldando as tradições do mundo. As pessoas não enxergam suas falhas, e o que lhes faltam é abrir seus olhos para ver sua verdadeira situação. Reconhecer que suas vidas precisam ser restauradas, e passar a viver em total dependência e obediência a Deus, está se tornando cada vez mais difícil.
Os crentes cegos, que por sua falta de fé, estão deixando de levar plenamente a sério as verdades, as exortações, as advertências, as promessas e o ensino da Palavra de Deus. É porque acham os encantos do mundo bem mais atraentes do que os do reino celestial de Deus! E o engraçado é que ninguém mais quer ser exortado ou ser chamado a atenção, pois, sempre leva para o lado pessoal, ou encara como desobediência, heresia ou sei lá o quê?! Parece que ser sincero é o errado, as pessoas das igreja querem mesmo é terem os seus egos massageados incutindo uma verdadeira “pedagogia do reforço”, para quem precisa na verdade da “pedagogia da chibata”.
Muitas vezes por causa da aparência enganosa do pecado, as pessoas estão se tornando cada vez mais tolerantes com o pecado (I Co.6.9-10). A confusão espiritual dos últimos tempos tem dado muitas oportunidades para o surgimento de inúmeras falsas doutrinas, que tem disseminado principalmente dentro das nossas igrejas. Pessoas que caem de paraquedas, filosofias e teologias furadas que não tem nada haver com a bíblia e ainda dizem que é uma “benção reconhecida em muitos lugares” (eu acho que, só se for no inferno!).
Jesus afirmou que o nosso adversário age como um pai para os que lhe pertencem, porém um pai destituído de misericórdia (Jo.8.44). No século passado, o grande mal da humanidade era a incredulidade. Hoje, parece ser o contrário: a credulidade, ou seja, os cegos espiritualmente acreditam em tudo o que o inferno ou os usados por ele lhes sopra nos ouvidos.
Daí, vemos o sucesso dessas seitas, e muitos participantes delas são de pessoas que são ou já foram evangélicas! Alguns anos atrás vi um irmão evangélico fazendo “simpatia” no seu consultório para aumentar a sua clientela! Não estão percebendo que há um reino espiritual maligno que tem cegado os seus olhos do entendimento para que não compreendam a verdade da salvação que há em Jesus (Ef.2.2-3 – II Co. 4.3-4). Pastores e ovelhas com medo de superstições e outras frescuras mais... Só a graça.
Esses cegos de nossas igrejas estão apelando para todos os lados, não se importam com aquelas religiões “montadas” que nada tem a ver com os verdadeiros ensinos de Jesus. Basta um vento diferente e lá se vão eles! Coitados, não sabem nem para onde estão indo, não tem identidade, não sabem nem porque estão ali, para eles qualquer resposta está valendo, desde que me convença! Pobres cegos.
Não estou aqui para atacar ninguém. Muito pelo contrário, meu papel como pastor é abrir os olhos dos que querem ser curados e não dos “super eleitos predestinados”. Por isso, não cito nomes de igrejas, denominações ou o que considero falsas seitas, mas é bom que você, meu irmão e minha irmã, saibam que existem alguns pontos importantes que nos levam a identificar se uma igreja ou um movimento religioso está lhe atraindo para uma emboscada. Abra os seus olhos!
A verdade também, é que há muitos corações duros dentro das nossas igrejas, e por causa disso passaram a rejeitar os caminhos de Deus. Já não amam a retidão, nem odeiam a iniquidade. Fazem as mesmas coisas! O Espírito Santo tem se entristecido, e em várias igrejas o seu fogo (falo do fogo do Espírito, não o do rétété!) está se extinguindo, por que o seu templo está sendo profanado com as más intenções do homem (I Co. 3-16), e suas más conversações e acusações às meninas dos olhos de Deus.
Se os crentes cegos continuam suas vidas sem refreio, eles podem finalmente, chegar ao ponto em que não seja mais possível um recomeço, caso não ouçam mais a voz de Deus. A Bíblia declara que Deus receberá todos que já desfrutaram da sua graça salvadora, se arrependidos voltarem a Ele.
Os cegos espirituais normalmente passam a ter um coração incrédulo. Pensam que ainda são crentes, mas as suas indiferenças para com as exigências de Jesus, indicam o contrário! Paulo exorta todos aqueles que afirmam que já se encontram salvos: “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos” (II Co.13.5).
Você tem se provado? Ainda permanece firme na fé? Tem examinado a sua vida espiritual com rigor? Todas as áreas da sua vida estão agradando ao Senhor? Lembre-se de uma coisa: Quando não estamos mais olhando para Jesus é porque estamos cegos espiritualmente, e o cego ainda que esteja com os olhos fitando para o sol do meio-dia, não consegue enxergar a sua luz! Isso acontece com todos aqueles que tentam andar fora do caminho do Mestre. 

Conclusão

Sabe por que Jesus não quer cego andando na sua igreja? É que o Mestre sabe que o cego fica alheio a tudo que Ele lhe oferece. O cego vive de imaginação, adota heresias, e é propenso as falsas doutrinas, não ora, é relaxado espiritualmente, não tem fé, e vive das e pelas experiências dos outros, quando não inventa uma! 
Jesus quer dar uma nova oportunidade para aqueles que ainda não viram, e não sentiram a sua presença. O Mestre quer realizar tudo aquilo que ainda não pôde, em face da cegueira de muitos, que só o admiram, mas não conseguem adorá-lo! Tenha convicção de que Deus lhe chamou e tem um plano especial para a sua vida.
Cuidado para não se deixar envolver em especulações religiosas ou filosóficas a ponto de ficar em dúvidas e acabar apostatando da fé. Creia naquilo que a Bíblia, a Palavra de Deus afirma. Tenha cuidado e pense consigo mesmo se você não está ficando cego nem burro, porque na realidade está querendo satisfazer seus próprios interesses e não os de Deus!
Na verdade, todos precisam ouvir esta exortação. O evangelho precisa ter o sentido de solidariedade, compaixão e amor por nossos semelhantes. Não espere aplausos da terra
Como discípulo de Jesus, sinta-se um privilegiado em colaborar com o Senhor. Sobrarão exemplos da sua modéstia, e quem irão bater palmas para você serão os anjos no céu. Deus tudo vê. Deus é fiel.
Por fim, segundo Stott, O conhecimento deve conduzir-nos a adoração, à fé, à santidade e ao amor.
“O conhecimento é indispensável à vida e ao serviço cristão. Se não usamos a mente que Deus nos deu, condenamo-nos à superficialidade espiritual, impedindo-nos de alcançar muitas riquezas da graça de Deus. Ao mesmo tempo, o conhecimento nos é dado para ser usado, para nos levar a cultuar melhor a Deus, nos conduzir a uma fé maior, a uma santidade mais profunda, a um melhor serviço. Não é de menos conhecimento que precisamos, mas sim de mais conhecimento, desde que o apliquemos em nossa vida”.
Quem não vive para servir o próximo oprimido, necessitado, não serve para viver em comunhão, a terra só precisa de um soberbo “Satanás”, na dúvida, fique na sua, “pois, quem não espalha, ajunta”.

Fraternalmente em Cristo,

Pr. Bruno Pontes – Teólogo pela Libertação


Referências
Revista Santa Rita  (Ano 02, Numero 4, Primavera de 2007). Roberto Pepi Contieri (dir. Acadêmico) ISSN 1980-1742.
Sem Nome.  William Shakespeare. Biografia . Acesso: 29 de junho de 2011.
Sem Nome.  Percy Bysshe Shelley. Biografia . Acesso: 29 de junho de 2011.
Sem Nome. Cegos Perdidos Dentro da Igreja. www.webservos.com.br/gospel/estudos/ . Acesso: 29 de junho de 2011.
Revisão e Editoração: Calvin Gardner. Pr. Ron Crisp . O Espírito Santo Professor Como.www.palavraprudente.com.br / . Acesso: 29 de junho de 2011.
Crer also Pensar é. Jonh Stott. ABU Editora. 1921. ISBN 978-85-7055-029-3
Mentalidade Cristã, Posicionamento do Cristão los UMA Sociedade Não-Cristã. Jonh Stott. ABU Editora. 1921. ISBN 978-85-7055-029-3

PARA VISUALIZAR A PRIMEIRA PARTE:
http://ondeestadeusnessahistoria.blogspot.com/2011/07/crer-ou-nao-crer-eis-o-cristao-parte-i.html
PARA VISUALIZAR A SEGUNDA PARTE:
http://ondeestadeusnessahistoria.blogspot.com/2011/07/crer-ou-nao-crer-eis-o-cristao-parte-ii.html

Terceira parte
http://ondeestadeusnessahistoria.blogspot.com/2011/08/crer-ou-nao-crer-eis-o-cristao-parte.html

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dialogismo: Teologia e Filosofia


   *Bruno Pontes da Costa

“A ideia de Deus é parte do homem. Nasceu com ele. Ao longo dos milênios, o homem procurou na religião resposta para muitos dos enigmas do universo e para as dúvidas do seu interior. Mesmo transitando da vida das cavernas ao moderno deslumbramento científico, ele não repudiou a divindade. Ainda quando a razão tenha proposto soluções científicas e filosóficas para enigmas e dúvidas, o apelo da fé continua a ressoar nos corações, apontando para uma realidade posta além das conquistas racionais”. 
Victor Civita


    Na antiguidade, principalmente no Antigo Oriente, a filosofia confundia-se com a religião. Eles possuíam verdades filosóficas e não da filosofia propriamente dita.
    Com os filósofos gregos, o sentido religioso já não se faz presente na filosofia, mantendo ainda o aspecto mítico histórico e teológico, posto que a filosofia vá confundir-se com a ciência (ratio), embora conservando o seu aspecto universal.
   Na Idade Média, há um retorno da filosofia à religião, dentro de uma perspectiva classicista, no caso, com o cristianismo, quando a razão se harmoniza com a fé (fide) e a filosofia com a teologia.
     Vamos encontrar na escolástica o auge dessa discussão. O ensino escolástico se baseia em textos lidos e discutidos. Dentre estes textos estão os evangelhos, obras de sacerdotes cristãos e de teólogos. Nesse contexto, sobressai Santo Tomaz de Aquino, filosofando a teologia.
    Muito antes, Santo Agostinho já não via muita diferença entre a natureza-objeto da filosofia e o além-natureza – objeto da teologia. Mas Santo Agostinho não confiava na natureza humana; ele achava que o homem necessitava da graça, elemento sobrenatural, para realizações puramente naturais. Ele dizia que a fé é preparada pela razão e prolongada por esta; que era “preciso crer para compreender e compreender para crer”. Santo Tomaz aperfeiçoa o pensamento Aristotélico, estabelece o verdadeiro objeto da filosofia e distingue esta da teologia, mas não as separa. Ele diz que as verdades da fé servem de iluminação para os caminhos do pensar filosófico; que a própria filosofia explicaria a fé se excedesse um pouco mais na demonstração das verdades reveladas, lembrado por John Stott em "Crer é também pensar". Faz as diferenças, quando diz que:

. o filósofo demonstra por razões evidentes. (usando o campo de conhecimento filosófico).

. o teólogo usa à autoridade suprema da revelação divina. (utilizando o conhecimento teológico).
   
    E acrescenta que Deus é autor de nossa razão e autor da revelação:

. Que a  sabe o que sabe por aceitação referencial da autoridade divina, sob reflexão, enquanto:
. A razão sabe o que sabe por própria atividade racional.
   
    Mas não podem contradizer-se, porque os princípios do raciocínio foram postos em nós por Deus, que é o mesmo autor da revelação recebida pela fé.
   Na diferença por finalidade, Santo Tomé diz que a teologia nos dá acesso às verdades necessárias à salvação, que Deus não nos revelou todas as verdades possíveis sobre as coisas, daí haver a possibilidade da filosofia na investigação das coisas, quando a própria Escritura Sagrada, menciona "coisas ocultas, não reveladas", como um instrumento dialógico.
     Pelos métodos, ele diz que o filósofo tira seus argumentos das essências das coisas, ou seja, de suas causas próprias visíveis, e o teólogo, ao contrário, parte sempre da Primeira Causa ou de Deus, do argumentos invisíveis, próprios da fé.
    Como se vê, Santo Tomaz, mesmo tendo feito uma distinção nítida entre filosofia e teologia, reclama a colaboração estreita entre ambasNo correr do séc. XIII, os chamados averroístas, latinos, que seguiam a filosofia aristotélica, exigiam uma filosofia totalmente independente da teologia rejeitado por São Tomaz. De certa forma, São Tomaz distinguiu a filosofia da teologia, mas não a separou.
    Alguns autores afirmam que a Escolástica é teológica; que teologia e filosofia coexistem intrinsecamente dependentes.
    Julián Marías dá o exemplo do dogma da Eucaristia, que é algo religioso, que em si mesmo nada tem a ver com a filosofia, mas que, para compreendê-lo, podemos recorrer ao conceito de transubstanciação, que é um conceito filosófico, bem como no meio protestante (cristão) “a ceia”, podendo ser consubstanciação ou memorial.
    Sabemos que a transubstanciação é a mudança de uma substância em outra, no caso, a presença de Jesus Cristo no Sacramento Eucarístico ou a transformação física do pão e do vinho, no corpo e no seu sangue de Cristo.
    Manuel Garcia Morente diz que: nas coisas humanas e mundanas, a garantia do acerto ou da verdade é exigida em forma de provas e demonstrações que nos convencem de que o pensado ou o falado coincide com o objeto a que se refere.
    Mas se o objeto está fora do alcance de nossa faculdade de comprovar e demonstrar e se de outra parte a afirmação vem acompanhada de evidentes sinais que a indicam como de procedência divina, então é possível e conveniente, e necessário recebê-la por verdadeira, embora não possamos comprová-la.
    Leonel Franca, em “A crise do mundo moderno” (José Olímpio, Rio, 1941, p.90-1), diz que entre a filosofia e a teologia há uma distinção de espécie.   Digo isso por motivos lógicos, pois, são campos de conhecimento diferentes.  
    
    Diferem pelo conteúdo e mais ainda, pelo método de demonstração:


- A FILOSOFIA estende o seu domínio sobre a universalidade das coisas naturais submetidas ao nosso conhecimento humano limitado;
- A TEOLOGIA restringe-se por si ao número das verdades necessárias, ou dependendo, conveniente à nossa salvação a respeito das coisas inteligíveis.
   
    Na imensa extensão destes dois campos, delimita-se uma região ocupada simultaneamente pelas duas disciplinas:
    Há teses filosóficas que se acham também incluídas no patrimônio dos dogmas revelados.          
   Mas ainda, neste terreno comum, a heterogeneidade dos princípios demonstrativos impõe entre a filosofia e a teologia uma distinção formal, absoluta e estrita.

   Enquanto o filósofo vai buscar os seus argumentos na análise racional da essência das coisas, na necessidade interna das suas causas próprias; O teólogo, pede-os ao princípio extrínseco de uma revelação histórica, embasada pela sistematização.
    Enquanto a certeza da fé descansa, como em último fundamento, numa autoridade oscilantemente infalível, as conclusões do filósofo são o fruto de processos lógicos em que a razão manifesta integralmente todo o rigor de suas exigências próváveis.
    Entretanto no Séc. XVIII, Descartes rejeita a teologia, quando diz que: na religião “o que interessa é ganhar o céu; acontece, porém, que o céu pode ser ganho sem que nada se saiba de teologia; o que evidencia a manifesta inutilidade desta”.
     Descartes preparou uma cisão entre a filosofia e a teologia, por um pensamento próprio, tendo Guilherme de Ockham completado este cisma, considerando a filosofia autônoma e completamente diferente da teologia, uma ciência totalmente oposta. Posteriormente, alguns admitiam da teologia apenas a fé, separando totalmente esta de qualquer valor teórico. Outros rejeitaram radicalmente a fé, professando uma filosofia anti-religiosa, ateísta, a qual se estende até os nossos dias. Daí o preconceito e a dificuldade de aceitar e compreender a filosofia no campo religioso.
    Enfim, podemos concluir que: a Filosofia é autônoma em relação à Teologia?
    Entendo que a fonte da Filosofia são as faculdades naturais da razão, do afeto e da vontade. A fonte da teologia, pelo contrário, é a revelação e a graça de Deus manifesta pela intimidade do ente com o seu criador, sua divindade.
    O fim da Filosofia é a sabedoria humana e natural (mundividência Creta, modo de viver devido, salvação e felicidade), enquanto o fim da Teologia é a aquisição da sabedoria divina ou sobrenatural (conhecimento da revelação, vida virtuosa sobrenatural, justificação e bem-aventurança).

    No começo da idade moderna, a ciência toma vulto e a fé passa a ser considerada uma fantasia, um mito, como consideram, no nosso século, o positivismo, o pragmatismo, o materialismo, o biologismo, o ateísmo, etc.
   Mas, acrescenta PFEIL, que a fé dá ao filósofo a serenidade para a reflexão filosófica, o que não acontece com o existencialismo, cuja angústia e desespero, ao tratar os problemas de mundividência, de homens sem fé, levam-nos a conclusões precipitadas e irracionais.
    Em teologia e filosofia o que se pode afirmar de verdade é que se faz necessário crer para poder pensar e pensar com a razão para se poder acreditar, pois, segundo Paulo de Tarso, "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Romanos 12:1)**.

* É Pastor Batista e Educador, mestrando em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona e Teologia pela FATEFFIR, Especialista em Ética, Subjetividade e Educação e bacharel em Teologia e Sociologia.
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**Apresentar os nossos corpos a Deus é o nosso “culto racional” (Romanos 12:1). Qual o significado desta expressão? Para entender o termo usado por Paulo, devemos compreen-der as duas palavras que ele empregou.
Culto traduz uma palavra grega (latreia) que aparece cinco vezes no Novo Testamento. Na Almeida Revista e Atualizada 2ª Edição, é traduzida “culto” em João 16:2; Romanos 9:4 e 12:1 e “serviço(s) sagrado(s)” em Hebreus 9:1 e 6. Significa serviço. Pode ser o serviço de obediência a Deus em geral, ou pode se referir, como nas duas citações em Hebreus 9, aos atos específicos de louvor dirigidos a Deus. Assim, a palavra culto, em nosso uso hoje, corretamente descreve o serviço dado ao Senhor quando cristãos o adoram. Mas, a mesma palavra pode abranger qualquer ato de obediência que honra o nome de Deus.
Racional vem da palavra grega logikos. Nesta palavra, não é difícil ver a idéia da lógica ou raciocínio. Este adjetivo aparece, no Novo Testamento, somente aqui e em 1 Pedro 2:2, onde descreve o leite espiritual. A forma do substantivo (logos), porém, aparece mais de 300 vezes no NT, e é traduzida por termos como palavracontaensinamentomododitadotestemunhoverbo, etc. A idéia principal tem a ver com discurso e raciocínio.
O que é, então, o nosso culto racional? Uma vez que entendemos o que Deus tem feito por nós, faz sentido nos dedicar a ele em obediência e serviço. O uso da palavra “pois” em Romanos 12:1 mostra que este serviço razoável se baseia nas coisas ditas anteriores. Paulo acabou de falar sobre a profundidade da riqueza de Deus, que nos criou e nos deu a salvação de graça (Romanos 11:33-36). Por isso, devemos nos dedicar ao Senhor.
Nenhuma outra resposta faz sentido. Rejeitar o Deus que nos deu a vida – duas vezes! – seria loucura. Não amar aquele que nos ama tanto não seria sensato. Rebelar-se contra o soberano que tem demonstrado sua bondade e severidade (Romanos 11:22) seria totalmente ilógico.
Romanos 12:1 frisa um fato importante no estudo da palavra de Deus. Nosso estudo nunca deve se reduzir a um exercício acadêmico – aprendendo só para saber. O conhecimento da palavra de Deus exige uma aplicação prática. A maioria das cartas do NT, como é o caso de Romanos, contém uma série de aplicações práticas no final, depois de estabelecer a base doutrinária. Tiago disse: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes” (Tiago 1:22). Este é o nosso culto racional!

BOEHNER, Philotheus  GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. Trad. Raimundo Vier, 2ª ed. Petrópolis, Vozes, 1982, p.570-2.

STOTTJohn R. W. Crer é também Pensar. A importância da mente cristã. Trad. Milton Azevedo Andrade. Sexta impressão. ABU Editora. São Paulo, SP. 1994.

DESCARTESRené.Discours de la Méthode II. p. 15. In: HORKHEIMER, M. Teoria Tradicional e Teoria Crítica. São Paulo, Abril Cultural, 1983.

HEGEL G. W. FriedrichEnciclopédia das Ciência Filosóficas em Epítome. Lisboa, Edições 70, 1989.

_______. Princípios da Filosofia do Direito. Lisboa, Guimarães Editores, 1990.

_______. Introdução à História da Filosofia. Lisboa, Edições 70, 1990.
 
Bíblia Sagrada. São Paulo, SBB, 1996
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