segunda-feira, 4 de novembro de 2013
PALESTRA SOBRE REFORMA PROTESTANTE. DIA 8 DE NOVEMBRO NA UFPB. ENTRADA FRANCA
terça-feira, 24 de setembro de 2013
A influência do cristianismo na origem da ciência moderna
Analisando a história, percebe-se que as grandes civilizações como os gregos, os hindus, os árabes e os chineses desenvolveram conhecimentos e técnicas consideráveis mais ou menos ao mesmo tempo. Dominavam a astronomia, as navegações, construíam edifícios, catapultas, armas, etc. No entanto, nenhum desses povos foi capaz de desenvolver a ciência como um movimento progressivo, como aconteceu na Europa Cristã no final da Idade Média.
O conhecimento do mundo e as técnicas em posse de outras culturas não eram suficientes em si para manter em andamento a ciência como a conhecemos. O que faltava a esses povos era a estrutura certa que pudesse propiciar a confiança e a motivação necessárias para que o estudo científico florescesse.
O filósofo John Macmurray afirmou: “a ciência é filha legítima de um grande movimento religioso e sua genealogia remonta a Jesus Cristo”1.
Stanley Jack, historiador da ciência, em seu livro "Science and creation"2, diz:
“A investigação científica só encontrou solo fértil depois que a fé num criador pessoal, racional, realmente impregnou toda uma cultura, a partir dos séculos da Idade Média Alta. Essa foi a fé que forneceu uma dose suficiente de crédito na racionalidade do universo, confiança no progresso e valorização do método qualitativo – todos eles, ingredientes indispensáveis da investigação científica”
A Bíblia revela que Deus cria ordem do caos, por um ato de livre vontade (Hb 11:3), e que, a cada instante, o universo depende de Deus para continuar existindo (Hb 1:3). Considerando que Deus agiu livremente, e não podemos ter a pretensão de adivinhar o que ele fez, o único meio que temos para descobrir a criação e entendê-la é o estudo por meio da observação e da experimentação.
Textos como Gênesis 1 e 8:22 sustentam a ideia de que Deus é um criador pessoal, racional e digno de confiança. Portanto, pode-se esperar que sua criação seja ordenada e racional. Foi sobre esse fundamento que os primeiros cientistas desenvolveram o conceito de leis naturais e começaram a procurá-las.
De acordo com Gn 1:26-27, os seres humanos são feitos à imagem e semelhança de Deus. Essa ideia deu aos primeiros cientistas a segurança necessária para que pudessem crer que suas mentes eram imagens finitas da mente de Deus e que, portanto, eram capazes de entender sua criação e suas leis naturais. Eles tinham motivos para confiar na razão e na lógica humana.
As ordens de dominar a terra (Gn 1:28) e de cuidar do Jardim do Éden (Gn 2:15) forneceram um estímulo religioso para o estudo científico da natureza, visto como uma forma de cumprir aqueles mandamentos de Deus.
No contexto atual, poucos cientistas entendem ou aceitam tal estrutura cristã para aquilo que fazem. O fato é que, no início, a pesquisa científica encontrou seu propósito e significado fora de si mesma, na teologia cristã. Mesmo nos dias de hoje, quando esse propósito e significado são negligenciados, é difícil encontrar alguma outra base amplamente aceitável para a ciência.
1 Reason and emotion, John Macmurray (p.172), Humanity Books (February 1999)
2 Science and creation, Stanley Jaki (p. VIII), University Press Of America (September 28, 1990)
_____
Gustavo Veríssimo é professor e pesquisador do departamento de engenharia civil da Universidade Federal de Viçosa, MG.
O conhecimento do mundo e as técnicas em posse de outras culturas não eram suficientes em si para manter em andamento a ciência como a conhecemos. O que faltava a esses povos era a estrutura certa que pudesse propiciar a confiança e a motivação necessárias para que o estudo científico florescesse.
O filósofo John Macmurray afirmou: “a ciência é filha legítima de um grande movimento religioso e sua genealogia remonta a Jesus Cristo”1.
Stanley Jack, historiador da ciência, em seu livro "Science and creation"2, diz:
“A investigação científica só encontrou solo fértil depois que a fé num criador pessoal, racional, realmente impregnou toda uma cultura, a partir dos séculos da Idade Média Alta. Essa foi a fé que forneceu uma dose suficiente de crédito na racionalidade do universo, confiança no progresso e valorização do método qualitativo – todos eles, ingredientes indispensáveis da investigação científica”
A Bíblia revela que Deus cria ordem do caos, por um ato de livre vontade (Hb 11:3), e que, a cada instante, o universo depende de Deus para continuar existindo (Hb 1:3). Considerando que Deus agiu livremente, e não podemos ter a pretensão de adivinhar o que ele fez, o único meio que temos para descobrir a criação e entendê-la é o estudo por meio da observação e da experimentação.
Textos como Gênesis 1 e 8:22 sustentam a ideia de que Deus é um criador pessoal, racional e digno de confiança. Portanto, pode-se esperar que sua criação seja ordenada e racional. Foi sobre esse fundamento que os primeiros cientistas desenvolveram o conceito de leis naturais e começaram a procurá-las.
De acordo com Gn 1:26-27, os seres humanos são feitos à imagem e semelhança de Deus. Essa ideia deu aos primeiros cientistas a segurança necessária para que pudessem crer que suas mentes eram imagens finitas da mente de Deus e que, portanto, eram capazes de entender sua criação e suas leis naturais. Eles tinham motivos para confiar na razão e na lógica humana.
As ordens de dominar a terra (Gn 1:28) e de cuidar do Jardim do Éden (Gn 2:15) forneceram um estímulo religioso para o estudo científico da natureza, visto como uma forma de cumprir aqueles mandamentos de Deus.
No contexto atual, poucos cientistas entendem ou aceitam tal estrutura cristã para aquilo que fazem. O fato é que, no início, a pesquisa científica encontrou seu propósito e significado fora de si mesma, na teologia cristã. Mesmo nos dias de hoje, quando esse propósito e significado são negligenciados, é difícil encontrar alguma outra base amplamente aceitável para a ciência.
1 Reason and emotion, John Macmurray (p.172), Humanity Books (February 1999)
2 Science and creation, Stanley Jaki (p. VIII), University Press Of America (September 28, 1990)
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Gustavo Veríssimo é professor e pesquisador do departamento de engenharia civil da Universidade Federal de Viçosa, MG.
O que é confiar em Deus? “a partir de uma reflexão cristã”
A
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confiança é a base sólida de qualquer relacionamento humano bem sucedido. Infelizmente a desconfiança prevalece em nossa sociedade: desconfiamos das pessoas, desde o cônjuge até o Presidente da República. Se algum desconhecido se aproxima de nós, tendemos a desconfiar de suas intenções. Os consultórios de Psicologia estão repletos de pessoas que perderam a capacidade de confiar nos outros.
De fato, há razões concretas para a desconfiança: a violência urbana e a competitividade profissional aumentam a cada dia. A própria Bíblia adverte: “maldito é o homem que confia no homem” (Jeremias 17.5). Porém, isto não significa que devamos viver desconfiados pois a mesma Bíblia afirma que “o amor (...) suspeita mal” (1 Coríntios 13.4,5).
Desconfiar de Deus ou confiar nele erroneamente suscita uma crise no relacionamento entre homem e Deus. Esta crise, se não resolvida, traz conseqüências eternas e efeitos sobre todos os outros relacionamentos: conjugais, familiares, sociais, profissionais, etc. É preciso lembrar que Deus é uma pessoa e, como nós, se entristece quando é alvo de desconfiança. Às vezes desconfiamos de suas intenções, de suas ações, de sua Palavra, de seu silêncio, de seu poder e de seu amor. Desconfiamos mesmo quando pensamos que confiamos. Isto porque não entendemos claramente o que é confiar em Deus.
CONFIAR EM DEUS NÃO É PREVER O FUTURO
Freqüentemente queremos demonstrar a nossa confiança em Deus fazendo afirmações sobre acontecimentos futuros (alguns chamam isso de “profetizar”). Será que confiar em Deus consiste nisso?
É próprio do ser humano querer saber o que vai acontecer consigo e com os outros; isto advém de sua necessidade de segurança. Não por acaso, sempre houve em toda parte adivinhos com diversos nomes: videntes, pitonisas, necromantes, cartomantes, tarólogos, astrólogos etc. Com os cristãos isso não é muito diferente, pois eles também têm a sua necessidade de segurança e, infelizmente, também recorrem à adivinhação para supri-la. Há dois grandes equívocos nisso:
Primeiro: Deus condena qualquer forma de adivinhação. “Não se achará no meio de ti (...) nem adivinhador, nem prognosticador, (...) nem quem consulte um espírito adivinhador (...) pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor (...)” (Deuteronômio 18.10-12). Segundo: Ao invés de confiança em Deus, afirmações desta natureza sobre o futuro expressam presunção e como tal, maligna (Tiago 4.13-17).
Podemos saber as conseqüências de nossas atitudes e ações à medida que a Palavra de Deus nos revela. Mas não podemos prever os acontecimentos: o que, quando e como. Como diz o ditado “o futuro a Deus pertence” e é sempre (embora, às vezes, não pareça) o melhor para os seus filhos. Esta foi a experiência de Abraão (Hebreus 11.8 e a de Sadraque, Mesaque e Abdnego (Daniel 3.16-18).
CONFIAR EM DEUS NÃO É CONTROLAR DEUS
Também erramos ao acharmos que confiar em Deus é reivindicar, com “ousadia e autoridade”, as bênçãos que queremos de Deus. Fazemos isto por meio de “correntes”, “clamores”, “jejuns”, “vigílias”, “votos” e até cultos de ação de graças antecipadamente.
Não estar no controle das situações é difícil para muitos, pois traz um sentimento de impotência e de incerteza sobre o futuro. Os povos primitivos sempre tentaram controlar as ações de seus deuses (em prol da chuva, por exemplo) por intermédios de rituais e oferendas. Os cristãos não estão isentos de terem o mesmo sentimento e semelhante prática de manipulação religiosa.
Ma verdade, Deus é imprevisível e cheio de surpresas. Por ele não nos responder como imaginamos (em boa parte das ocasiões), podemos erradamente concluir que nos faltou fé ou que Deus nos desprezou. Esquecemos que Deus é soberano, todo-poderoso e criativo (Isaías 55.8,9). Bons exemplos ocorreram com Sara (Gênesis 18.10-15) e Pedro (Atos 10.28,44-47).
CONFIAR EM DEUS NÃO É SER IRRACIONAL
Ao contrário dos que muitos dizem, ma Bíblia a fé não se opõe à razão. Fé se opõe à “visão”, isto é, aos sentidos: “Porque andamos por fé, e não por vista” (2 Coríntios 5.7).
Confiar em Deus não é aceitar ingenuamente tudo o que fazem ou declaram a nosso respeito em nome de Jesus: “Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio (...)” (Salmos 32.9).
A confiança do homem moderno na razão trouxe grandes desapontamentos: avanços tecnológicos não resolveram os grandes problemas existenciais e sociais (pobreza, fome, guerras, falta de sentido para a vida, etc). Isto acarretou no final do século XX um recrudescimento do misticismo como tentativa desesperada de encontrar soluções.
Aquele que confia em Deus não menospreza a sua razão, porque tem a mente de Cristo e discerne bem tudo (1 Coríntios 2.15,16) Deus se revela ao homem pela sua Palavra, que é um veículo racional de comunicação. A nossa confiança em Deus vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10.17).
CONFIAR EM DEUS NÃO É TER PENSAMENTO POSITIVO
Confiar em Deus não achar que tudo vai bem quando tudo vai mal. Às vezes pensamos que demonstraremos confiança em Deus se pensarmos positivamente contra todas as evidências.
A doutrina do “pensamento positivo” é mundana, e não é centrada em Deus, mas no próprio homem. De acordo com esta doutrina, o importante é ter fé, não importa em que ou em quem. O pensamento em si mesmo seria capaz de mudar as coisas. O Dr. Norman Vicente Peale, maior responsável pela difusão dessas idéias, aconselhava que as pessoas dissessem “eu creio” três vezes ao acordar para serem felizes.
Aquele que confia em Deus não menospreza a sua razão porque tem a mente
de Cristo e discerne bem tudo (1 Coríntios 2.15,16). Deus se revela ao homem pela
sua Palavra, que é um veículo racional de comunicação. A nossa confiança
em Deus vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10.17).
Pensar positivamente faz bem à saúde mental, mas se alienar da realidade faz muito mal. Confiar em Deus não é fechar os olhos para os fatos. Antes, constatamos, na Bíblia, Davi se angustiando diante da calamidade, mas “esforçando-se diante do Senhor seu Deus” (1 Samuel 30.1-6). O versículo bíblico “tudo posso naquele que me fortalece” não deve ser usado como “palavra mágica”, uma espécie de “abracadabra” evangélico. Poder tudo, no contexto bíblico depende da vontade daquele que fortalece e inclui o poder de contentar-se com o que se tem, e até eventualmente, padecer necessidade (Filipenses 4.10-19).
CONCLUSÃO
Até agora apresentamos o problema e o que não é confiar em Deus. Chegou o momento de respondermos positivamente a questão.
Confiar em Deus é aceitá-lo como alguém digno de toda confiança no que faz e promete. Quem concebe Deus desta forma e se relaciona com ele de acordo com esta concepção, “descansa” nele (Salmos 37.5). O que Deus faz e promete, encontramos na Bíblia; portanto, confiar em Deus é obedecer à sua Palavra. A definição bíblica de fé (Hebreus 11.1) contempla esta perspectiva:
Primeiro: “é o firme fundamento das coisas que se esperam”. Claro está que só podemos esperar segundo a Palavra (Hebreus 11.3a; Salmos 119.114);
Segundo: “é a prova das coisas que se não vêem”. Sim, pois a aparência engana e Deus é sempre fiel (Hebreus 11.3b; 2 Timóteo 2.13).
Em suma, confiar em Deus é viver em consonância com sua vontade que “é boa, perfeita e agradável” (Romanos 12.2b).
Deus nos criou para manter com ele uma relação de amor. E foi às últimas conseqüências, enviando o seu Filho para morrer em nosso lugar, para salvar esta relação. Também preparou coisas inimagináveis para os que o amam (1 Coríntios 2.9). Mas, para tanto precisamos responder ao seu amor mediante a confiança. Quem ama, confia.
Confiaremos no Senhor de todo nosso ser (Provérbios 3.5)?
Autor:
Anderson Nunes Pinto
Psicólogo formado pela UFRJ, especialista em Envelhecimento e Saúde do Idoso pela ENSP / FIOCRUZ, membro da Primeira Igreja Batista em Vila Kennedy, Professor da Classe de Jovens da EBD – Escola Bíblica Dominical
sexta-feira, 14 de junho de 2013
SUPER LANÇAMENTO
O TESTE DA FÉ
os cientistas também creem
Ciência e fé cristã são incompatíveis?
A ciência torna desnecessária a fé?
* * *
É comum ouvir na mídia, nas universidades e até nas igrejas que fé e ciência não podem andar juntas. Para muitos, abraçar o cristianismo é rejeitar a ciência; para outros, é exatamente o contrário.
O Teste da Fé quer acabar com esse dilema. E afirma: Os cientistas também creem.
Dez cientistas reconhecidos internacionalmente como pesquisadores notáveis contam suas histórias de vida e como relacionam a sua fé com a atividade científica.
Alguns eram ateus; outros, agnósticos; e ainda outros foram apresentados ao cristianismo quando crianças. Todos, em algum momento, mudaram de opinião ou reafirmaram o que creem.
E mais: O Teste da Fé vem acompanhado de um DVD com um documentário dividido em três blocos temáticos, além de entrevistas com os autores, entre outros recursos.
A ciência torna desnecessária a fé?
* * *
É comum ouvir na mídia, nas universidades e até nas igrejas que fé e ciência não podem andar juntas. Para muitos, abraçar o cristianismo é rejeitar a ciência; para outros, é exatamente o contrário.
O Teste da Fé quer acabar com esse dilema. E afirma: Os cientistas também creem.
Dez cientistas reconhecidos internacionalmente como pesquisadores notáveis contam suas histórias de vida e como relacionam a sua fé com a atividade científica.
Alguns eram ateus; outros, agnósticos; e ainda outros foram apresentados ao cristianismo quando crianças. Todos, em algum momento, mudaram de opinião ou reafirmaram o que creem.
E mais: O Teste da Fé vem acompanhado de um DVD com um documentário dividido em três blocos temáticos, além de entrevistas com os autores, entre outros recursos.
Sumário:
Prefácio
Agradecimentos
Começa a jornada
Ruth Bancewicz
1. Aprendendo a linguagem de Deus
Francis Collins
2. Ser humano: mais que um cérebro
Reverendo doutor Alasdair Coles
3. Explorando o universo de Deus
Jennifer Wiseman
4. Biologia, crenças e valores
John Bryant
5. Vida no laboratório
Bill Newsome
6. Pensando tecnologia
Rosalind Picard
7. Uma lógica mais profunda
Ard Louis
8. A fé de um físico
Reverendo e doutor John Polkinghorne
9. Coração e mente: compreendendo a ciência e a fé
Deborah B. Haarsma
10. Deus: a solução?
Alister McGrath
Epílogo
Notas
Agradecimentos
Começa a jornada
Ruth Bancewicz
1. Aprendendo a linguagem de Deus
Francis Collins
2. Ser humano: mais que um cérebro
Reverendo doutor Alasdair Coles
3. Explorando o universo de Deus
Jennifer Wiseman
4. Biologia, crenças e valores
John Bryant
5. Vida no laboratório
Bill Newsome
6. Pensando tecnologia
Rosalind Picard
7. Uma lógica mais profunda
Ard Louis
8. A fé de um físico
Reverendo e doutor John Polkinghorne
9. Coração e mente: compreendendo a ciência e a fé
Deborah B. Haarsma
10. Deus: a solução?
Alister McGrath
Epílogo
Notas
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Este blog é de autoria de estudantes universitários dos mais diversos cursos (principalmente de humanas) que fazem parte da A.B.U. João Pessoa como também por colaboradores do nosso movimento.
às
12:19
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Dica de Leitura,
Fé e Ciência,
Livros
Por Outras Vozes, Outras Fontes e Outros Ângulos: Um Relato do Ato
Relato de Rafael Lira (Articulador do FALE SP) e demais educadores sobre as manifestações em contra o aumento de preço do transporte público em São Paulo
Manifestantes cercados e atacados pela Força Policial: democracia, ”só que não ”:
São quase duas da manhã e estamos aqui, um grupo de nove jovens amigos/as, reunidos/as, agitados/as e não conseguiremos dormir antes de denunciar o que vivemos hoje pelas ruas do centro de São Paulo.
Era por volta das 18h quando descemos a Rua Augusta em direção ao Theatro Municipal para a concentração do Quarto Ato contra o aumento das tarifas.
As notícias que circularam durante o dia prenunciavam que o a manifestação seria tensa. Mas, apesar do medo, estávamos leves e confiantes na democracia. Fomos nos incorporando a vários outros companheiros que seguiam para o ato. O que portavam? Flores, vinagre e câmeras fotográficas.
Ao chegar ao Theatro, o clima já estava tenso. A forte presença policial contrastava com o desejo de paz da maioria dos manifestantes, evidenciados em falas, gritos pela não violência e em atitudes absolutamente pacíficas.
Seguimos com a multidão, reivindicando a revogação do aumento das tarifas e, mais do que isso, o direito ao transporte público, à cidade e, óbvio, a nos manifestarmos.
Jornalista da TV Folha ferida pela PM de São Paulo (Foto: Estadão) |
Nossa intenção era parar a Paulista, chamar a atenção dos governantes e exigir o diálogo, mas quem parou a Paulista foi a polícia. Poucos quilômetros de caminhada e o choque cercou os manifestantes e realizou a primeira dispersão. A partir daí éramos vários atos pela região central da cidade. Seguimos com um grupo que subiu a Rua Augusta para tentar chegar a Paulista. Também fomos cercados, recuamos pela Bela Cintra e também ficamos sem saída.
Fomos encurralados até chegar na Consolação. Vimos um cenário de guerra, vários dos grupos que haviam se dispersado voltaram a se encontrar, mas estávamos cercados pelo choque e pela cavalaria de todos os lados. Todos. Não havia para onde escapar e se proteger. Muitas bombas e balas de borracha atingiam os manifestantes. O desespero começou a tomar conta. Faltava o ar, os olhos ardiam, medo de perder os companheiros e, principalmente, o sentimento de indignação, humilhação e revolta. A solidariedade prevaleceu. Quem tinha vinagre, oferecia, indicavam caminhos livres, davam as mãos.
Conseguimos correr por uma das ruas. Recuamos. Tinha duas adolescentes conosco, estávamos preocupados, cansados. Precisávamos encontrar um local seguro. Seguimos pelas ruas paralelas à Consolação na região de Higienópolis. Estava deserta, nos sentimos a salvo. Encontramos mais um pequeno grupo de amigos numa padaria. Um alivio. Tomávamos uma água.
De repente, onde não havia mais aglomeração de manifestantes, mais fumaça, mais barulho, mais bomba. Começamos a correr. Nos separamos dos outros. Nesse momento, éramos apenas nove amigos. Resolvemos caminhar calmamente, não haveria motivo para sermos atacados. Não fazíamos nada de mais. Estávamos enganados. Uma viatura parou diante de nós. Policiais apontaram a arma e ordenaram: “corram que vamos atirar”. Corremos e eles cumpriram a promessa. Atingiram uma amiga. Nos desesperamos. As ruas estavam desertas, não havia onde entrar. Estávamos sozinhos. Humilhados e indignados pela arbitrariedade, pela violência, pela covardia, gritamos por socorro.
Duas moças passavam de carro, se escandalizaram com a covardia que presenciaram. Pararam o carro e disseram para entrarmos. Nove pessoas num Palio. A solidariedade e o senso de justiça nos salvou. Elas moravam por ali e nos levaram para o apartamento, para ficarmos em segurança até que pudéssemos sair.
Mais amizade, mais solidariedade. Fizemos um pedido de ajuda pelas redes sociais. Precisávamos de dois carros para nos tirar dali em segurança. Poucos minutos e dezenas de ajuda foram oferecidas. Fizemos e recebemos diversos telefonemas para saber dos outros amigos/as espalhados/as, feridos/as, presos/as. Havia uma rede de pessoas trocando informação, solidariedade, força. Fomos acolhidos num local seguro, onde passaremos a noite.
Como nos sentimos agora? Humilhados e indignados, sim. Mas não derrotados. O que vimos hoje nos fez ver o tamanho do desafio que temos para consolidar a democracia e também nos fez sentir que somos fortes, somos muitos e somos bons. Partilhamos de momentos emocionantes de luta, coragem, lucidez. Fomos acolhidos e recebemos imensa solidariedade que alimentaram ainda mais o nosso sentimento de força. Essa rede pode crescer, temos certeza. Não vamos recuar. Enquanto a passagem não baixar, São Paulo vai parar.
Por:
Ingrid Evangelista
Juliana Giron
Paolla Menchetti
Rafael Lira
Vanessa Araújo Correia
Vânia Araújo Correia
Victória Satiro
Vitor Hugo
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12:09
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