A universidade no Brasil
América Espanhola - a universidade européia é transplantada. Já no Séc. XVI há 6 universidades - na época da Independência há 19.
América Inglesa - na época da Independência há 9 universidades.
América Portuguesa - nada ! Não há uma instituição sequer de ensino superior no Brasil Colonia.
América Espanhola forma 150.000 pessoas na era colonial.
América Portuguesa - apenas 2.500 pessoas durante toda a era colonial foram fazer cursos superiores na Europa. No Brasil só havia o ensino médio (dirigido pelos jesuitas). Cursos superiores só em Coimbra, Portugal (teologia e direito) ou em Montpellier na França (medicina). As tentativas dos jesuítas nos secs. XVI e XVII, e dos Inconfidentes mineiros no final do sec. XVIII, de implantar uma universidade, foram frustradas pela Coroa Portuguesa.
1808 - chegada da Corte portuguesa no Rio, fugindo de Napoleão - criação de algumas escolas superiores, isoladas - era "escolas profissionais"(por exemplo, para formar médicos para as Forças Armadas).
1889 - haviam 6 instituições de ensino superior (Direito de SP e Recife; Medicina do Rio e Bahia; a Politécnica (Engenharia) do Rio; e a Escola de Minas do Ouro Preto. Nenhuma universidade.
Início do sec. XX - criação de universidades, mas só no papel ! Manaus, 1909, etc. - 1920, criação da Universidade do Rio de Janeiro, reunindo as escolas superiores já existentes, apenas para poder dar um título de doutor honoris causa ao rei dos belgas que ia visitar o país. Uma universidade "para belga ver". (Fávero, pp. 18-28; Ribeiro, pp. 88-90).
Segundo Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, sintetizando o período de 1500 a 1934, "até o desembarque da corte portuguesa, o poder colonizador não permitiu a instalação de escolas e nem das instituições culturais e técnicas em geral ... Durante três séculos, não se incentivou a formação profissional e muito menos a formação intelectual de uma elite nativa. Durante o período imperial, e até as primeiras décadas deste século, recebemos algumas missões estrangeiras e umas poucas escolas profissionais foram instaladas. Os governos imperiais e republicanos patrocinaram também a instalação de escolas profissionais de Direito, Medicina e Engenharia. Naturalmente estas eram de pequenas dimensões e concebidas isoladamente... Como visavam à formação de especialistas, foram mais apêndices da própria corte e oligarquias locais do que visando o desenvolvimento do país. Desde o final da primeira República, as universidades que então não existiam, nem de direito, nem de fato, passaram a ser decretadas pelo Governo Federal e por alguns governos estaduais. Foram criadas de direito, artificialmente concebidas, como aglomerados de escolas e faculdades heterogêneas, fisicamente distantes umas das outras, sem que se registrasse alguma proposta de Universidade concebidas como tal". (in Steuernagel, pp. 1-2).
A primeira universidade no Brasil foi a USP, 1934 - agrupou escolas já existentes, mas a nova Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras, com professores estrangeiros - não para ser apenas mais uma escola "profissionalizante", mas para formar pesquisadores. Mas após 1930, a proposta original foi mudada (oposição das escolas antigas + repressão do Estado Novo).
Universidade do Distrito Federal (Rio), 1935 - concebida como uma instituição integrada - mas dissolvida em 1938, pelo Estado Novo.
Universidade de Brasília, 1961 - concebida como instituição integrada - mas 1965, pressão do governo mudou o projeto. (Fávero, pp. 38-42; Ribeiro, pp. 128-132).
Após 1964 - reforma universitária assessorada pelos EUA (acordos MEC-USAID) - introduz o modelo norte-americano de organização universitária - um projeto "tecnocrático-empresarial" para a universidade (Souza, pp. 79-80).
Número de alunos em cursos superiores: 1940 = 21.000; 1950 = 37.000; 1960 = 93.200; 1964 = 142.000; 1970 = 425.000; 1977 = 1.110.000; hoje = mais ou menos 3.000.000. Mais universitários do que em qualquer outro país da América Latina, mas uma das menores proporções da faixa etária (Souza, pp. 75-76; Ribeiro, p. 90).
Características desta expansão: mais no setor privado e em estabelecimentos isoldos
América Espanhola - a universidade européia é transplantada. Já no Séc. XVI há 6 universidades - na época da Independência há 19.
América Inglesa - na época da Independência há 9 universidades.
América Portuguesa - nada ! Não há uma instituição sequer de ensino superior no Brasil Colonia.
América Espanhola forma 150.000 pessoas na era colonial.
América Portuguesa - apenas 2.500 pessoas durante toda a era colonial foram fazer cursos superiores na Europa. No Brasil só havia o ensino médio (dirigido pelos jesuitas). Cursos superiores só em Coimbra, Portugal (teologia e direito) ou em Montpellier na França (medicina). As tentativas dos jesuítas nos secs. XVI e XVII, e dos Inconfidentes mineiros no final do sec. XVIII, de implantar uma universidade, foram frustradas pela Coroa Portuguesa.
1808 - chegada da Corte portuguesa no Rio, fugindo de Napoleão - criação de algumas escolas superiores, isoladas - era "escolas profissionais"(por exemplo, para formar médicos para as Forças Armadas).
1889 - haviam 6 instituições de ensino superior (Direito de SP e Recife; Medicina do Rio e Bahia; a Politécnica (Engenharia) do Rio; e a Escola de Minas do Ouro Preto. Nenhuma universidade.
Início do sec. XX - criação de universidades, mas só no papel ! Manaus, 1909, etc. - 1920, criação da Universidade do Rio de Janeiro, reunindo as escolas superiores já existentes, apenas para poder dar um título de doutor honoris causa ao rei dos belgas que ia visitar o país. Uma universidade "para belga ver". (Fávero, pp. 18-28; Ribeiro, pp. 88-90).
Segundo Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, sintetizando o período de 1500 a 1934, "até o desembarque da corte portuguesa, o poder colonizador não permitiu a instalação de escolas e nem das instituições culturais e técnicas em geral ... Durante três séculos, não se incentivou a formação profissional e muito menos a formação intelectual de uma elite nativa. Durante o período imperial, e até as primeiras décadas deste século, recebemos algumas missões estrangeiras e umas poucas escolas profissionais foram instaladas. Os governos imperiais e republicanos patrocinaram também a instalação de escolas profissionais de Direito, Medicina e Engenharia. Naturalmente estas eram de pequenas dimensões e concebidas isoladamente... Como visavam à formação de especialistas, foram mais apêndices da própria corte e oligarquias locais do que visando o desenvolvimento do país. Desde o final da primeira República, as universidades que então não existiam, nem de direito, nem de fato, passaram a ser decretadas pelo Governo Federal e por alguns governos estaduais. Foram criadas de direito, artificialmente concebidas, como aglomerados de escolas e faculdades heterogêneas, fisicamente distantes umas das outras, sem que se registrasse alguma proposta de Universidade concebidas como tal". (in Steuernagel, pp. 1-2).
A primeira universidade no Brasil foi a USP, 1934 - agrupou escolas já existentes, mas a nova Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras, com professores estrangeiros - não para ser apenas mais uma escola "profissionalizante", mas para formar pesquisadores. Mas após 1930, a proposta original foi mudada (oposição das escolas antigas + repressão do Estado Novo).
Universidade do Distrito Federal (Rio), 1935 - concebida como uma instituição integrada - mas dissolvida em 1938, pelo Estado Novo.
Universidade de Brasília, 1961 - concebida como instituição integrada - mas 1965, pressão do governo mudou o projeto. (Fávero, pp. 38-42; Ribeiro, pp. 128-132).
Após 1964 - reforma universitária assessorada pelos EUA (acordos MEC-USAID) - introduz o modelo norte-americano de organização universitária - um projeto "tecnocrático-empresarial" para a universidade (Souza, pp. 79-80).
Número de alunos em cursos superiores: 1940 = 21.000; 1950 = 37.000; 1960 = 93.200; 1964 = 142.000; 1970 = 425.000; 1977 = 1.110.000; hoje = mais ou menos 3.000.000. Mais universitários do que em qualquer outro país da América Latina, mas uma das menores proporções da faixa etária (Souza, pp. 75-76; Ribeiro, p. 90).
Características desta expansão: mais no setor privado e em estabelecimentos isoldos
Houve também um aumento de alunos noturnos. E devido ao ensino fraco, houve uma expansão de cursos de pós-graduação (Steuernagel, pp. 3-4).
O modelo inspirador da moderna universidade latino-americana foi o francês (napoleônico); "As universidades latino-americanas são conglomerados de faculdades e escolas ... A universidade, em si, é uma abastração institucional ... Nas escolas, o estudante ingressa e vive toda sua existência acadêmica ... As únicas atividades inter-universitárias são as relacionadas com os centros acadêmicos". (Ribeiro, pp. 105-107).
Não pretendemos aqui entrar numa análise crítica da universidade. Mas é importante perguntar: que camada da população a universidade atinge? Que valores ela professa e que valores ela vive de fato? De que projeto de sociedade ela está a serviço? Qual é o conceito do homem que fundamenta as atividades dela? Como é concebido o material humano com o qual a universidade trabalha - o que é possível ou impossível fazer com este material? Até que ponto esta concepção é compatível com a visão bíblica do homem ?
A presença cristã nas universidades do Brasil e no mundo
"Muitas vezes especulo sobre a escolha que o apóstolo Paulo faria se estivesse vivo hoje, no que diz respeito à sua esfera de serviço pelo Senhor Jesus Cristo. Acho que ele iria logo a algumas das nossas grandes universidades ... Nelas, estão sendo treinados os líderes do futuro ... " (citado em Lowman, p. 13).
A universidade é filha do cristianismo. As primeiras universidades são organizadas em torno da igreja, a partir do sec. XII. Os professores são do clero. No Brasil também, as primeiras faculdades são de ordens religiosas (Direito de SP - Franciscanos; Direito de Olinda - beneditinos).
A história do protestantismo está muito ligada à universidade - Wycliffe (um pré-reformador do sec. XIV) é professor da Univ. de Oxford. Lutero é professor da Univ. de Wittemberg. Calvino se converte como estudante em Paris, e depois funda a Univ. de Genebra. Os primeiros missionários protestantes à Índia eram estudantes da Univ. de Halle na Alemanha. Muitos impulsos para a expansão missionária tiveram origem entre estudantes cristãos.
A influência de valores e conceitos cristãos na universidade diminui a partir do sec. XVIII com o Iluminismo e o Racionalismo. Um humanismo antropocêntrico passa a dominar nas Universidades.
Boa parte da Igreja ajoelha-se diante das novas idéias, abandonando a revelação, levando a razão a julgar a revelação, anunciando "outro evangelho". Tudo isso para conquistar os intelectuais e parecer "respeitável". O que não consegue.
Surge uma reação. Temos notícias de grupos evangélicos da iniciativa estudantil desde o sec. XVII - mas eram grupos não evangelísticos. Mas no século XIX surgem grupos evangelísticos, grupos de estudantes que, apesar de estarem nas universidades dominadas pelo racionalismo, querem proclamar o evangelho bíblico aos seus colegas. Já na década de 1870, começam a surgir federações. A ABU da Cambridge começa em 1877. Simultaneamete, há iniciativas na Noruega, nos EUA e outros países.
Estes grupos começam bem evangélicos. Mas, por várias razões, a maioria deles começa a se tornar teologicamente liberal (isto é, abandonam o evangelho bíblico) no início do século XX. Finalmente, há uma cisão. Por um lado, aqueles que querem uma definição mínima de "cristão" para poder incluir o maior número possível - este grupo funda a Federação Mundial de Estudantes Cristãos, que nos anos de 1950 chega no Brasil e funda a Associação Cristão de Acadêmicos (ACA), que não existe mais. Por outro lado, aqueles que querem manter a ênfase na doutrina bíblica e uma atuação evangelística - estes fundaram movimentos nacionais autônomos de linha evangélica, reunidos à nível internacional na Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (CIEE) e que a partir de 1957 está representada no Brasil pela Aliança Bíblica Universitária (ABU).
Robinson Cavalcanti frisa que a presença do catolicismo na formação do povo brasileiro foi menor do que se poderia esperar. Ele aponta para duas fontes de rejeição do cristianismo na formação cultural brasileira:
a) rejeição psicológica - devido à formação da família na época colonial, surge o machismo e por outro lado, a Igreja Católica aparece na figura do sacerdote celibatário, pregando um Cristo deturpado. Assim, surge a oposição: caçador de fêmeas x sacerdotes celibatários + Cristo distante, derrotado na cruz, piegas e assexuado. A religião torna-se uma prática das crianças, mulheres e velhos.
b) rejeição intelectual - a influência mais marcante na vida cultural, especialmente entre as elites, era a francesa, isto é, da França pós-revolucionária, racionalista e anti-cristã. Daí, o elemento anti-religioso básico nas modas intelectuais que dominam no Brasil. No século XIX, é o positivismo de Comte, que divide a história em três estágios, o teológico, o metafísico, e o científico, relegando assim a religião a um estágio infantil da humanidade. Depois, é o existencialismo, o anarquismo, o marxismo ... A entrada de Cristo era proibida na universidade brasileira. (Cavalcanti, pp. 12-24).
Até a década de 1950, quase não havia evangélicos nas universidades brasileiras (havia poucos universitários no país, e os evangélicos eram em geral de classe social inferior). Quando começaram a chegar, havia alto número de "baixas". Não estavam preparados para dar a razão da sua fé, ou não estavam convertidos mesmo. Por isso, abandonaram a igreja, ou dicotomizavam suas vidas, por causa de um complexo de inferioridade numérica e intelectual. Tudo isso reforçou a opinião de muitos líderes evangélicos de que a universidade era um lugar perigoso. Nessa época (década de 1950) começam a funcionar a ACA, da linha liberal (e hoje inexistente) e a ABU, de linha evangélica.
Bibliografia utilizada:
Cavalcanti, R. Cristo na Universidade Brasileira ?
São Paulo, CLE/ABU, 1972.
Fávero, M. de L. de A. A Universidade Brasileira em Busca de Sua Identidade
Petrópolis; Vozes, 1977.
Itioka, N. Encarnando a Palavra Libertadora (história da ABUB)
São Paulo; ABU, 1981.
Lowman, P. The Day of His Power
Leicester, IVP, 1983.
Ribeiro, D. A Universidade Necessária
3ª Edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
Steuernagel, V. O Desafio da Universidade
Apostila da ABUB, 1978.
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